Estamos passando por um período muito difícil no que diz respeito à Saúde pública brasileira. As santas casas, principalmente, estão à beira de um colapso, com os caixas estourados, dívidas enormes com fornecedores, um buraco sem fundo, sem uma solução imediata à vista.
O governo federal criou o SUS (Sistema Único de Saúde), conforme determina a Constituição, porém, está seguindo uma tabela totalmente defasada, deixando quase metade do valor dos procedimentos a descoberto.
Conforme relato da administração da Santa Casa de Votuporanga, de cada R$ 100 gastos com atendimentos pelo SUS, o governo só repassa R$ 65. A colocação de um stend – uma molinha desentupidora de veias – custa R$ 2,5 mil, mas o SUS só paga R$ 800, ou seja, não chega a um terço do valor.
No começo deste ano, algumas entidades, como a Associação Médica Brasileira e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), lançaram a campanha “Por mais recursos para a Saúde”. Colhemos assinatura para a apresentação de um projeto de iniciativa popular no Congresso Nacional para que o governo invista pelo menos 10% da receita bruta na Saúde. O processo está em desenvolvimento, mas é demorado.
A verdade é que chegamos a um ponto em que a saúde pública no Brasil necessita, com muita urgência, de mais atenção dos órgãos competentes. A realidade nos mostra um país desestabilizado onde as políticas públicas são incoerentes e desrespeitam a sociedade. É vergonhoso ver o povo mendigando por atendimento e os hospitais não poderem oferecer o que manda a Constituição.
As vítimas desse caos público somos nada mais, nada menos que nós mesmos. É evidente que nosso país não é dos melhores e que somos taxados como país de terceiro mundo. Mas o povo humilde que sofre com tantas filas, greves e falta de remédios, merece ser tratado como terceiros?
Concluímos que Saúde não dá voto, por isso o governo não oferece os investimentos necessários ao setor. O que dá voto são as obras faraônicas, muitas até desnecessárias, como a construção de tantos novos estádios para a Copa de 2016. Ou até mesmo de estruturas para as Olimpíadas do Rio de Janeiro.
Dias atrás fomos surpreendidos com a notícia de que os organizadores das Olimpíadas pretendem derrubar um velódromo (para provas ciclísticas), que custou R$ 14 milhões, construído para o Pan, para a edificação de um novo. Isso é um absurdo. Estão brincando com o dinheiro do povo e não podemos aceitar esses disparates.
A presidente petista da República vive espalhando em todos os cantos do mundo que nosso país passa por um momento privilegiado, que a economia vai muito bem, obrigado, etc. e tal, mas sua equipe não cuida do primordial, como a saúde. Merecemos uma saúde de primeira, digna de alimentar as esperanças de um povo sofredor. O Sistema Único de Saúde precisa urgentemente ser reformulado, porque a saúde brasileira está na UTI e corre um sério risco de morrer.